Cata Log Cata Strofe – Mattia Denisse

 

Um transeunte: — O que é isto?
O livro: — Sou um romance putativo, um catálogo de ideias e uma ideia de catálogo, um programa de rádio, uma tragédia, uma fábula obsoletista, um livro de ficção científica, um ensaio literário sobre bricolage, um modo de emprego sem destino, um protocolo necessário, uma logorreia, a última actualização do mito, um engodo, um novo método para encher chouriços, um oráculo, um fracasso económico, um objecto biodesagradável, um livro de imagens com textos que as acompanham e de textos com imagens que os ilustram, o caos, uma tentativa de deformar bolsos, uma maneira de dar títulos aos títulos, o caos (bis), a verdade, toda a verdade, um paralelepípedo, 432 páginas em papel de 90g com um pouco de tinta…

«Cata Log Cata Strofe é o sétimo livro de Mattia Denisse. (…) Embora surja na sequência da exposição Hápax, apresentada na Culturgest, em Lisboa, entre 24 de Junho e 30 de Outubro de 2022, este livro não é um catálogo. O seu propósito não é documentar a exposição nem reproduzir de modo fidedigno as obras de Mattia Denisse. O seu objectivo é reunir, num volume o mais módico possível, o maior número de referências visuais e textuais do universo do autor. (…)
Na base do projecto esteve a intenção de fazer um livro de bolso, no formato 18 x 11 cm, a preto e branco, em tudo semelhante àqueles que, ao longo do século xx, ajudaram a democratizar o acesso à literatura. (…)
Cata Log Cata Strofe contém 1759 ilustrações distribuídas por 35 séries, correspondendo à quase totalidade da obra gráfica de Mattia Denisse produzida até à data. (…)
A introdução das séries no livro é feita por ordem alfabética de título. Esta opção sublinha o carácter referencial e indexical que o livro sempre pretendeu ter. Evitar deliberadamente a organização cronológica das séries significa complicar eventuais abordagens historiográficas ao trabalho do artista.
Os intervalos e os saltos temporais que a ordem alfabética impõe à leitura das obras promove uma concentração da atenção do leitor na singularidade de cada série e desencoraja as tentativas de encontrar na sua sucessão uma linha evolutiva. Cata Log Cata Strofe funciona como um corte sincrónico que expõe a totalidade da obra de Mattia Denisse num mesmo momento. A lógica diacrónica não tem lugar no universo do artista. O tempo nem passa nem volta. Tudo coexiste em infinita horizontalidade.»
Bruno Marchand, em «Prefácio»

«Para Denisse, ‘texto e imagem têm exatamente o mesmo valor e o mesmo estatuto, enquanto elementos que colaboram no desvendar do seu universo artístico particular’, deste modo, ‘tudo o que é da ordem da realidade, mas também da surrealidade, do sonho, do fantasma, do espanto e dos fenómenos subtis, tem cabimento’, na expressão do artista, a par de ‘um certo apreço pelo estudo e pelos métodos científicos’.»
«Culturgest inaugura “mais extensa” exposição do artista francês Mattia Denisse», Expresso (24.06.2022)

«Falemos agora do livro (…) O livro é, e não é, um catálogo da exposição. Mattia Denisse trabalha sempre a imagem e o texto, joga com as palavras, a sua construção e a sua sintaxe, como joga com as formas visuais. Combina o português e o francês numa nova língua que deve, e muito, à anti-arte dadaísta, a Alfred Jarry e tantos outros, que quiseram, de facto, partir do zero, também no texto.»
Luísa Soares de Oliveira, «Tudo e mais alguma coisa», Ipsilon/Público (27.07.2022)

«A ideia para Cata-log cata-strofe era fazer um livro de literatura no sentido mais abrangente do termo. Queria que as pessoas pudessem ler este livro como se estivessem a ler um romance. O livro de bolso permite isso, pois há livros de bolso de romance, de história, de ciências, de artes… A única coisa que têm em comum é o formato. Fizemos aquilo que se faz num livro deste tipo, mas ao contrário: o texto principal ocupa a parte central, onde normalmente estão as imagens. A intenção foi criar espaço para os títulos, que muitas vezes são quase textos. Cata-log cata-strofe oferece-nos a possibilidade de pôr as obras junto com os seus títulos e de dar títulos aos títulos. As imagens a preto e branco funcionam como mnemónicas, como os “Desenhos tautológicos” relativamente aos seus desenhos originais. Mas as técnicas mnemónicas tornam-se obsoletas com o desconhecimento ou esquecimento do que se quis lembrar. A função do desenho torna-se inoperante, logo o desenho torna-se autónomo. Torna-se desenho.»
Catarina Rosendo, Mattia Denisse, «Mattia Denisse: o Erro como «Lugar da Verdade» — uma conversa com Catarina Rosendo», Revista Contemporânea (08.2022)

14,50

Informação adicional

Autor

Mattia Denisse

Ano de Edição

2022

Encadernação

Capa Mole

Idioma

Páginas

432

ISBN

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