A última ópera de Mozart, musicada entre março e setembro de 1791 — no próprio ano da sua morte — tem como título “A Flauta Mágica” (Die Zauberflöte).
Se a música tem sido reconhecida por todos como de superior qualidade, contando-se entre as melhores óperas de Mozart, já as opiniões sobre o libreto se mostram muito variadas. Uns acham-no disparatado e incoerente; outros veem nele algo que não lhes é compreensivo. Goethe entendia “que era preciso muito mais conhecimentos para compreender o texto do que para sorrir dele”; acrescentando, “é suficiente que a multidão encontre prazer com a visão do espetáculo; aos iniciados não escapará, ao mesmo tempo, o seu alto significado”.
A ópera de Mozart tem duas partes, uma cantada e a outra declamada. As partes fundamentais para a sua compreensão são predominantemente as faladas, o que é teatralmente lógico, pois, por melhor que seja a dicção dos cantores, torna-se mais fácil ao público entender um texto declamado. O que acontece é que esses textos são normalmente eliminados ou mutilados, já que muitos cantores não sabem ou não gostam de declamar. Mas há ainda outra razão para os cortes. É que, tanto Mozart como Schikaneder—o autor principal do texto do libreto—pertenceram à Maçonaria, e nessas partes defendem muitos dos seus ideais.
O objetivo deste trabalho é mostrar que a chave para a compreensão de Die Zauberflöte reside nos seus elementos maçónicos. A construção e estrutura do libreto foram decalcados da organização da Maçonaria.